Não há alimento ruim: a diferença entre o veneno e o remédio está na dose!

Crédito: iStock
Sempre falo, escrevo e sigo batendo na mesma tecla. Equilíbrio e bom senso é o que precisamos para ter saúde. É o suficiente. Ninguém deve deixar de comer sua batata frita, tomar seu sorvete ou sua cerveja. Não suporto quando vejo "listas de alimentos proibidos"! O importante é o estilo de vida, é que você faz na maior parte dos seus dias e não em um dia ou outro no mês.
Mas, mesmo sendo um "liberal" no quesito privações, não pude deixar de me chocar com uma cena que vi recentemente. Eram 8 horas da manhã e eu estava dentro de um avião, voltando para São Paulo. Ao meu lado estava mãe e filha, de cerca de 4 anos. Idade em que está se formando o paladar, em que ainda temos mais domínio sobre o que as crianças vão comer, já que elas precisam que nós ofereçamos a comida, enfim, idade em que estão sendo educadas em todas as questões da vida, inclusive na alimentação e na formação de hábitos.
Pois bem, a mãe saca da bolsa, o café da manhã da pequena que havia sido cuidadosamente preparado, composto por batata chips, achocolatado, saquinho de bolinhas de chocolate e, por fim, um bolinho recheado. Fiquei chocado com a quantidade de açúcar e gorduras, de calorias vazias. A falta de uma fruta, de fibras, de água! Aí alguém pode pensar: "No avião não tem como levar outras coisas…". Não? Como não? Água de coco, iogurte, banana, maçã, torradinhas, queijinho, um sanduíche até! Não seriam opções melhores (e possíveis)?
É provável que crianças que se alimentam dessa forma diariamente desenvolvam um paladar tão alterado ao ponto de um suco de fruta jamais ser consumido se não for adicionado de açúcar. Um chocolate amargo, uma legume cozido e uma pipoca sem estar lotada de sal e manteiga terão gosto de vento… Da mesma forma que é mais fácil uma criança aprender esportes, línguas e outras coisas quando é pequena, ela deve também aprender a fazer boas escolhas na alimentação e, acima de tudo, gostar dos "bons" alimentos.
A criança em questão estava visivelmente acima do peso, assim como a mãe. Não posso julgar que esse seja o padrão das duas, ou da família. Espero que não! Mas escrevo hoje para que todas as mães e pais possas fazer uma reflexão em cima desse tema. Vejo que muitas mães oferecem aos filhos o que gostariam de comer, mas que não "podem" porque estão de dieta. Ou ao contrário: muitos filhos que não conseguem entender por que enquanto lhes é oferecido uma maçã, os pais comem biscoitos recheados… O exemplo é fundamental!
No Brasil, uma em cada três crianças tem problema de excesso de peso, 78% delas não conseguem cumprir o mínimo de movimento físico diário que é de apenas uma hora. Se não houver uma preocupação com esse assunto, se os pais não pararem para perceber o tanto que eles podem e devem fazer para mudar o rumo dessas estatísticas, o Brasil será em breve não apenas o pais mais sedentário e pesado da América Latina, como do mundo.
Por isso que eu digo: a diferença entre o veneno e o remédio está na dose. Use, ambos, com parcimônia.
Até!
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