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Blog do Marcio Atalla

Massa, feijão e leite: será que esses alimentos dão barriga?

Marcio Atalla

21/02/2019 04h00

Crédito: iStock

Recebo perguntas e depoimentos de diversas formas: através do canal, do site, das redes sociais. Essa semana chegou uma pergunta pra mim que me deixou bem curioso, a remetente dizia que voltou a fazer atividade física e se rematriculou na academia, mesmo preferindo fazer caminhadas e até esmo começar a correr na rua. E completa dizendo que na academia, seu instrutor disse que se ela quisesse perder a barriguinha, deveria para de comer massa, pão, feijão e derivados do leite.

Primeira coisa que me chamou a atenção é: porque iniciar uma atividade física sabendo que você não gosta, e muito provavelmente não vai conseguir dar sequência? Por que não escolher aquilo que você já sabe que gosta, e que portanto, terá mais prazer e vontade de se dedicar? Muitas vezes, as pessoas demoram a encontrar onde se "encaixam" na atividade física, em que esporte ou modalidade sente-se realmente bem praticando. Ela já sabe do que gosta. Perfeito! Gosta de caminhar e quer evoluir da caminhada pra corrida, e pode fazer isso com a ajuda de um professor, ou ate mesmo frequentando algum grupo de corrida. O trabalho da academia, de fortalecer os músculos, até mesmo para protegê-los durante a corrida, será importante, mas não será nem a principal atividade e nem a única. Com o estímulo da corrida, até a parte da academia, que ela acha "chata", passa a ser mais interessante.

Pois bem. Seguindo o relato, releio a  afirmação de que para perder barriga é preciso deixar de comer certos alimentos, como pão, feijão e laticínios. Tento fazer a conexão desses alimentos com a gordura da barriga. Procuro em estudos, publicações cientificas, e não acho nada. Pergunto a nutricionistas que conheço, e nada. Ninguém conhece nenhum estudo que comprove essa "pérola".

Ente o que existe na literatura científica, isso me parece totalmente sem sentido. A começar pelo fato de que a gordura se ganha ou se perde de forma global, por todo corpo. O que existem são pessoas que tendem a acumular mais gorduras aqui ou ali. Mas isso não é por conta do alimento, mas do biotipo, dos lugares onde há mais células adiposas e em partes do corpo onde há menor número de receptores beta-adrenérgicos, que são responsáveis pelo uso da gordura como fonte de energia.

O pão, o feijão e os laticínios, não entram pela nossa boca e vão direto pro nosso estômago e ficam lá escondidinhos. Não! Eles passam pelo processo digestivo, de absorção e eliminação, como tudo que ingerimos. Seu excesso, assim como o excesso de qualquer alimento, é que fica estocado. Pode ser excesso até de melancia. E não apenas na barriguinha, mas em qualquer célula adiposa que tenha "espaço para mais um".

Então, como sempre digo: faça sua atividade física, coma com equilíbrio, respeite seu corpo e seja feliz. Talvez a barriguinha suma, talvez ela diminua e fique ali… e você nem se incomode mais tanto com ela. O importante é ter saúde, é se cuidar. Ninguém que ser feio? Rs… verdade! Mas, quem quer ser lindo e viver cortando alimentos, se privando de prazeres, sentindo culpa em comer e se frustrando todo dia? Apenas, encontre o seu caminho.

Caso seu caminho seja fazer a dieta vegetariana, aproveite e confira as dicas da nutri Ale Luglio no vídeo de hoje.

https://www.youtube.com/edit?o=U&video_id=8KSZHqcjxQY

Até!

Sobre o autor

Marcio Atalla é professor de educação física, com pós-graduação em nutrição pela USP (Universidade de São Paulo). Depois de muitos anos como preparador físico de atletas de alto rendimento, passou a desenvolver uma série de iniciativas na mídia para incentivar a população a levar uma vida mais saudável. É autor de três livros, entre eles, “Sua Vida em Movimento” (ed. Paralela), com mais de 50 mil cópias vendidas.

Sobre o blog

Dicas simples e muito eficazes para você ajustar seu estilo de vida aos poucos, começando a se movimentar mais e a fazer melhores escolhas alimentares. Detalhe fundamental: todas baseadas em estudos, sem espaço para mitos e modismos que sempre surgem quando o assunto é saúde e bem-estar.

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